
Existem poetas que escrevem com a pena. Outros, com o pulso. Arthur Blade escreve com a carne. Seus versos são feridas abertas, onde o leitor é convidado a tocar, sentir e, por vezes, sangrar junto. Em suas três mais recentes obras — Diários Perdidos: Densa Tinta, Afiado Punhal, O Proscrito: Quatro Cantos de Mim e Tempo em Carne Viva: Estou Só, de Passagem! — publicadas pela editora Folheando, Blade firma uma trilogia poética marcada por intensidade lírica, profundidade existencial e uma rara coragem emocional.
Diários Perdidos é uma verdadeira odisseia interior, estruturada como um extenso caderno de memórias poéticas. Com dezenas de poemas, o livro caminha entre sonhos, devaneios e lembranças, abordando temas como o amor e sua ausência, a morte, o desejo e o tempo. Blade conjuga o cotidiano e o onírico em versos que, ora são densos como a noite, ora breves como suspiros — mas sempre afiados. O poeta se revela diarista de si mesmo, e ao fazê-lo, revela também o outro: o leitor, que se vê espelhado em sua vulnerabilidade sincera.

Já em O Proscrito, a voz do eu lírico assume a condição do exilado de si — um ser que vaga pelas bordas da existência em busca de um centro que não encontra. Dividido em quatro partes, o livro é um retrato do homem dilacerado, mas ainda sonhador. As imagens são fortes, o ritmo, cortante. Há em Blade uma notável capacidade de transformar dor em arte, solidão em metáfora, e o caos interno em linguagem poética de impacto. Neste livro, o autor não teme confrontar o abismo — ao contrário, faz dele espelho e matéria-prima.
Em Tempo em Carne Viva, Blade talvez tenha atingido sua maturidade estética. O título já anuncia o que está por vir: uma escrita de urgência, despida de filtros, onde o tempo é um elemento orgânico, pulsante. É um livro marcado por fragmentos, epifanias e confissões. O poeta se coloca como viajante de si, estrangeiro no próprio corpo, guiado por uma bússola afetiva que oscila entre perdas, desejos e lampejos de esperança. É aqui que Blade se mostra mais introspectivo e, paradoxalmente, mais universal. A dor, nesse livro, é caminho — mas também farol.
A linguagem de Arthur Blade é simultaneamente simbólica e direta, poética e concreta. Seus livros não apenas se leem: atravessam. Cada página é um convite ao mergulho, uma janela para dentro, um espelho com rachaduras. Seus versos têm o poder de nomear o indizível, dando forma a sentimentos que muitos carregam, mas poucos sabem expressar.
Os livros estão à venda no site da Editora Folheando.
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