O mercado de trabalho é um dos principais termômetros para medir se uma economia vai bem ou não. E neste momento o Pará vem num crescente na geração de postos de trabalho nos últimos anos. Segundo o Dieese, somente em 2023, devem ser gerados mais de 32 mil novos postos de trabalho em todo o Estado. Somente nos primeiros quatro meses deste ano, foram criados 14 mil empregos.
E as perspectivas para o segundo semestre são as melhores possíveis tendo em vista os investimentos estruturantes que já começam a se materializar na capital por conta do anúncio da COP-30 em Belém e eventos econômicos importantes que ocorrem a partir de agosto, como Dia dos Pais, Círio de Nazaré, Black Friday e, logo em seguida o Natal, a data mais esperada pelo comércio no ano.
Levantamento produzido pelo Dieese-PA mostra que em todo o Pará o saldo de empregos formais é positivo nos últimos 12 meses (maio de 2022 a abril de 2023), com a geração de 36 mil novos postos, o maior resultado em toda a Região Norte. Só nos primeiros quatro meses deste ano, segundo o departamento, foram gerados cerca de 14 mil novos postos, número quase 4 mil postos superior ao mesmo período do ano passado, quando foram gerados pouco mais de 10 mil empregos. “Hoje o Pará é o 9º que mais gerou empregos em abril em todo o país”, lembra Éverson Costa, supervisor técnico do departamento. “Acreditamos que 2023 chegará ao fim com números muitos positivos de trabalho gerados, ultrapassando os números de 2022, que foram de 32 mil empregos gerados”.
Os setores de comércio e serviços despontam como os mais promissores nesse contexto. Segundo levantamento da Federação do Comércio do Estado do Pará (Fecomércio), do saldo total de empregos com carteira assinada criados no Estado nos primeiros 4 meses deste ano, os dois setores, juntos, criaram 59,5% desse total, ou seja, 8.275 vagas.
“Com isso, o Estado do Pará até o mês de abril, possui 865.184 mil pessoas empregadas, considerando emprego formal e em regime celetista, que é diferente do número total de ocupações no estado, que é bem superior. Desses 865.184 empregados formais, o comércio e serviços empregam 55,60%, que corresponde a 492.695 pessoas”, informa a federação.
RETOMADA
O setor de serviços é hoje o maior empregador do Brasil e do Estado do Pará: são mais de 9,3 mil postos de trabalho gerados este ano, estando intimamente ligado à retomada econômica do país, sobretudo nas áreas ligadas ao turismo, lazer e prestação e serviços nas áreas de Educação, saúde, financeira e estética. “Foi um dos setores que mais sofreu na pandemia, mas que agora vem retomando seu lugar de destaque”, afirma Éverson.
Essa performance, segundo o supervisor, tem colaborado bastante para a melhoria dos índices econômicos do Pará como um todo. “Apesar de ser um setor que ainda depende muito do crédito, consegue ter uma condição de inovar e se renovar dentro do mercado excepcional! O pequeno prestador de serviço precisa de apoio, crédito e capacitação para que amanhã seja o grande empregador do setor que, na minha avaliação, deve ser o setor que mais será beneficiado com os recursos que serão destinados para Belém para a realização da COP-30”, avalia o supervisor do Dieese.
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Esse dinheiro servirá para melhorar sobremaneira a receptividade para os que virão para o evento, na prestação e serviço nas áreas de Turismo e de hotelaria entre outros.
Indústria e comércio paraense têm perspectivas otimistas
A indústria paraense é hoje a segunda maior geradora de postos de trabalho no Estado com cerca de 2,5 mil postos gerados no primeiro quadrimestre deste ano, tendo como base as indústrias extrativas mineral, vegetal e animal. A própria Federação das Indústrias do Estado (Fiepa) projeta um crescimento esse ano na ordem de R$ 50 bilhões, principalmente porque o setor vem agregando cada vez mais valor ao que produz.
Além de commodities importantes, como o minério e a soja, o Pará se tornou um importante polo exportador de produtos como açaí, frango, e carne bovina para países como a China, hoje um dos grandes parceiros comerciais do Estado. “As indústrias já sinalizaram que precisam de um montante de 160 mil trabalhadores qualificados para agregar valor aquilo que produzem e isso é um ótimo sinal, sem falar que essa indústria vai investir ainda mais em sustentabilidade num cenário que sinaliza para a COP-30 para 2025”, destaca.
Antes de iniciar o curso técnico em eletrotécnica no Serviço Nacional da Indústria (Senai), Nadson Costa do Nascimento, 24 abis, estava há cerca de dois meses desempregado. “Em fevereiro de 2022 iniciei o curso técnico e em junho no mesmo ano consegui um estágio numa empresa de locação de plataformas elevatórias, através do curso. Abracei essa oportunidade e com muita dedicação fui contratado com 9 meses de estágio. Hoje estou efetivado como mecânico”, conta.
Nadson se forma como técnico no final do ano e pretende iniciar uma graduação ano que vem. Enquanto 2024 não chega, ele faz à noite um curso de Técnico em Eletrotécnica para se aprimorar e adquirir mais conhecimento em outras áreas para, quem sabe, subir de cargo na empresa em que trabalha. “O setor da indústria dá muitas oportunidades de emprego, mas também exige qualificação e é isso que estou buscando”, justifica.
COMÉRCIO
O comércio se destaca como terceiro maior gerador de empregos esse ano entre os meses de janeiro e abril, com 2,2 mil postos gerados até abril passado. Éverson Costa ressalta que o calendário do setor entrou em 2023 livre das restrições da pandemia.
“A proibição da circulação e pessoas também restringiu o consumo e ainda hoje vivemos num momento onde os preços ainda estão elevados tendo em vista que os custos de produção estão altos no Brasil e no mundo. Não podemos esquecer do grande percentual de endividamento no país que ultrapassa os 70%, sem falar no crédito caro em razão dos altos juros praticados. Não é à toa que o governo federal tenta ressuscitar o carro popular e recuperar o crédito das pessoas para ver se o consumo aumenta”.
Ainda assim, o comércio ainda é um dos maiores geradores de empregos no país e no Pará não é diferente. “É um setor que tem ainda muito a crescer em 2023 graças ao funcionamento pleno do comércio. Teremos injeções de recursos que favorecem o setor como o pagamento do 13º salário dos aposentados que injetou R$ 1,2 bi na economia paraense mês passado”.
Brenda Sousa de Azevedo, 29, nunca havia trabalhado até pouco mais de um ano atrás, quando foi contratada como repositora numa rede de supermercados da capital, ganhando pouco mais de um salário mínimo. “Na pandemia foi muito difícil me manter e meus 2 filhos... Não havia empregos. Fiz um curso e surgiu essa chance aqui”, coloca.
O setor da agropecuária é um dos que mais vem se destacando na geração de empregos nos últimos anos. De janeiro a abril deste ano já movimentou mais de 10 mil postos de trabalho segundo o Dieese (entre admitidos e desligados). Gerando 534 postos de trabalho formais. Segundo Éverson, existem municípios paraense que sediam grandes feiras agropecuárias, como Paragominas, que movimentam milhões em comércio de gado e de maquinário.
“Não podemos esquecer que o Pará tem um dos maiores rebanhos bovinos do Brasil e um dos maiores polos de produção e soja, açaí e cacau do país, que já estão saindo daqui industrializados, gerando também mais emprego e renda para a população. O setor da agropecuária é um divisor de águas para nosso Estado e vai crescer ainda mais no Pará nas áreas de pesquisa e inovação”, prevê Costa.
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