Uma atividade escolar realizada em Alagoinhas, no interior da Bahia, reacendeu o debate sobre como instituições de ensino tratam a história do povo negro no mês da Consciência Negra.
O que deveria ser uma ação educativa acabou se transformando em um episódio de forte repercussão nas redes sociais, após imagens de uma encenação protagonizada por alunos terem sido divulgadas pela própria escola.
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A apresentação mostrava um estudante negro preso a um tronco, com roupas rasgadas, enquanto outro aluno, branco e caracterizado como fazendeiro, segurava um chicote ao seu lado. Em outra foto, uma aluna aparece representando a assinatura da Lei Áurea.
As imagens circularam rapidamente e geraram críticas de internautas, educadores e ativistas, que apontaram a reprodução de violência simbólica e a ausência de referências que valorizem o protagonismo negro na história do país.
A situação ganhou ainda mais repercussão após a professora e escritora Bárbara Carine, vencedora do Prêmio Jabuti de 2024, publicar um vídeo, em suas redes sociais, condenando o formato da atividade.
Segundo ela, a escolha de retratar pessoas negras em posição de submissão, enquanto personagens brancos ocupam papéis de poder, reforça narrativas coloniais e desconsidera figuras fundamentais da luta negra, como Luiz Gama, Maria Felipa e Luiza Mahim.
Veja a postagem abaixo:
Diante da repercussão, o Colégio Adventista de Alagoinhas divulgou nota defendendo que a ação fazia parte de sua proposta pedagógica e que teria havido “interpretações equivocadas” sobre a encenação.
A instituição afirma promover o fortalecimento da consciência histórica e da valorização da população negra, mas não detalhou por que optou por uma atividade com representação de violência.
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Veja a nota na íntegra:
"O Colégio Adventista de Alagoinhas repudia qualquer forma de racismo e mantém, como valor inegociável, o compromisso com a dignidade humana, o respeito às diferenças, a igualdade e a justiça. Esses princípios estão alinhados à filosofia da Educação Adventista, fundamentada em um ensino integral, pautado em valores cristãos e humanitários.
Toda prática pedagógica é avaliada com seriedade, especialmente quando envolve questões sensíveis como relações étnico-raciais. O objetivo é refletir fielmente os valores institucionais que orientam o Colégio.
Em relação às interpretações sobre fatos históricos apresentados por alunos durante atividade pedagógica realizada no Dia da Consciência Negra, a instituição lamenta profundamente qualquer entendimento que tenha sido diferente dos valores que defende.
Vale destacar que os vídeos que circularam nas redes sociais consistem em trechos isolados da atividade pedagógica. Estão, portanto, desconectados de seu contexto completo, o que compromete a compreensão integral do conteúdo trabalhado. A circulação de recortes descontextualizados pode gerar interpretações equivocadas e contribui para a disseminação de informações imprecisas.
O Colégio Adventista de Alagoinhas, por meio de sua proposta pedagógica e dos documentos norteadores, promove o fortalecimento da consciência histórica; a valorização do povo negro; a rejeição clara de toda forma de discriminação, e uma formação cidadã ética, responsável e antirracista.
Além disso, trabalha diariamente para que seus estudantes desenvolvam visão crítica, sensibilidade social e compreensão profunda da dignidade de todas as pessoas.
Estamos à disposição dos pais e da comunidade, por meio da nossa direção, para quaisquer outros esclarecimentos sobre o assunto."
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