"Esta força poderosa que está aqui é a força da igreja, e contra ela as portas do inferno não prevalecerão", pregou o apóstolo Estevam Hernandes, na abertura do "ato profético" que idealizou há 30 anos.
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A 31ª Marcha para Jesus começou no meio da manhã em frente à estação Tiradentes do metrô, na avenida Tiradentes, seu percurso de 3,5 km pelas ruas de São Paulo na manhã desta quinta-feira (8), feriado de Corpus Christi, com uma oração de Estevam e milhares de pessoas de joelhos no asfalto.
Por volta das 13h ela chegou à praça Heróis da Força Expedicionária, onde foi montado um gigantesco palco. A multidão lotava todas as pistas da avenida Santos Dumont.
"A unção de Deus vai cair poderosa aqui", afirmou o líder evangélico em cima do trio principal, chamado Demolidor. Em seguida, pediu que todos soletrassem o nome daquele que é o protagonista da festa, disse. "J-E-S-U-S, Jesus!"
Então presidente, Jair Bolsonaro (PL) esteve nas edições de 2019 e 2022, sendo o primeiro chefe do Palácio do Planalto a ir na Marcha. Não há previsão que apareça nesta, nem convite oficial.
Lula foi representado pelo ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, que acabou vaiado e teve de interromper seu discurso no palco.
No chão, ambulantes vendiam faixas com Jesus escrito em glitter por R$ 10. Pelo dobro disso, dava para levar um óculos escuros com "100%" escrito numa lente e "Jesus" na outra.
Em estimativa por volta das 15h, a Polícia Militar estimou que naquele momento, considerado o pico até então, havia 300 mil pessoas no evento.
Na multidão há histórias que emocionam. Foi no momento mais difícil da sua vida que a dona de casa Jane Sobreira, 45, elegeu a Marcha para Jesus como um evento que simboliza sua devoção. Em 2009, quando ainda se recuperava do parto do filho que havia nascido prematuro, de 26 semanas, ela decidiu deixar o hospital para marchar.
Era a sua forma de demonstrar que acreditava na recuperação de seu filho Marcelo, ainda na UTI onde sofrera três paradas cardíacas em 47 dias de internação.
Nesta quinta, Marcelinho, agora com 13 anos, segurava com a mãe uma faixa que descrevia e agradecia o que a família considera um milagre alcançado.
"Naquele dia, em 2009, eu saí do hospital e depois voltei, toda suada, para ficar com ele" conta Jane. "Depois disso, eu estive em todas as marchas. Não entendo muito, não encontrei nenhuma passagem na Bíblia sobre isso, mas eu sentia que meu filho nasceria naquele mês e que ficaria tudo bem."
O som alto e as coreografias repetidas pelos milhares de jovens dão um ar festivo à Marcha para Jesus que pode levar desavisados a confundir o evento com um Carnaval fora de época, mas o propósito dos presentes fica claro na pausas para orações, nas conversas, nas frases estampadas em camisetas, cartazes e em pedidos escritos e pedaços de papel na palmilha do tênis: é a fé que leva a multidão às ruas de São Paulo neste feriado.
Bailarinas de um cantor gospel, as irmãs Mirella Vieira, 21, e Manuella Vieira, 19, desceram do carro de som após sua apresentação para seguir o cortejo com os demais fiéis.
O trabalho, remunerado, vale a pena, dizem. Dá para ganhar até R$ 800 em um fim de semana com muitos eventos. Mas não é o dinheiro que motiva as irmãs, que também são educadoras físicas.
"Nós começamos a dançar nos eventos pela fé, acreditamos que Deus se manifesta através da nossa arte e isso ajuda a unir as pessoas", conta Mirella.
"Somos um instrumento de Deus", completa a caçula Manuella .
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