Muitas civilizações e países tem seus próprios rituais que desenvolvem suas culturas. Isso permanece ao longo de muitos anos, até mesmo milênios.
Cientistas anunciaram a primeira evidência genômica que estabelece uma conexão direta entre o povo Bo, que vive atualmente no sudoeste da China, e as comunidades responsáveis pela antiga prática dos chamados “caixões pendurados”. A descoberta foi possível após a análise de DNA de indivíduos encontrados em sítios arqueológicos ligados ao ritual funerário, comparados ao material genético de 30 pessoas Bo contemporâneas.
Os “caixões pendurados” eram instalados em penhascos ou cavernas, fixados em saliências rochosas ou apoiados em vigas afixadas às paredes das falésias. Embora historicamente associados ao povo Bo e a outros grupos da região, a origem e a trajetória desse costume permaneciam pouco claras — especialmente porque os Bo foram considerados extintos após perseguições durante a dinastia Ming.
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A nova pesquisa, que examinou o genoma de 11 indivíduos antigos provenientes de quatro sítios distintos, aponta que os Bo atuais herdaram grande parte da ancestralidade dos grupos responsáveis pela prática. Os resultados indicam uma rara continuidade genética documentada ao longo de séculos, preservada mesmo entre populações marginalizadas.
Diversidade genética e migrações antigas
O estudo também revelou alta diversidade genética entre os antigos praticantes da tradição funerária. Amostras datadas de cerca de 1.200 anos mostraram conexões com comunidades agrícolas do norte da China e com populações do nordeste asiático, evidenciando intensa mobilidade regional.
Além disso, os pesquisadores identificaram que parte da ancestralidade desses grupos se relaciona a populações costeiras neolíticas do sudeste asiático. A descoberta sugere que migrações e intercâmbios culturais percorreram longas distâncias muito antes do surgimento da história escrita, formando redes complexas de interação humana.
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Práticas semelhantes de sepultamento em falésias existem em outras áreas da Ásia, incluindo regiões do Sudeste Asiático e ilhas do Pacífico. A pesquisa reforça, assim, como tradições culturais podem se estabelecer e se transformar ao longo de milênios, acompanhando fluxos migratórios e mudanças sociais.
Tradição preservada no tempo
Segundo os cientistas, a integração entre dados genéticos e registros arqueológicos contribui para reconstruir a trajetória de práticas funerárias antigas. A continuidade da linhagem entre os Bo contemporâneos demonstra que costumes profundamente enraizados sobreviveram a perseguições, deslocamentos e transformações históricas.
A descoberta lança nova luz sobre a origem dos misteriosos “caixões pendurados” e oferece também um panorama mais amplo sobre a diversidade humana e as migrações na Ásia. As chamadas “sepulturas celestes” passam, agora, a contar com uma linhagem identificada e comprovada, revelando que tradições milenares ainda guardam vestígios vivos das populações que as criaram.
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