
Mais de 56 horas de programação e 70 convidados especiais integram a Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes deste ano. O maior evento de literatura no Norte do Brasil abriu no sábado, 16, com visitação das 9h às 22h, e se estende até o dia 22, no Hangar-Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém.
Mestre Damasceno e a escritora Wanda Monteiro são os homenageados desta 28ª edição. Na programação musical se apresentam artistas do cenário nacional, como Roberta Campos, Nany People e artistas locais, como Nilson Chaves e as cantoras Alba Mariah e Andréa Pinheiro.
“A Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes é a maior da região Norte e a quarta maior do Brasil. É muito importante porque valoriza a nossa cultura. Recebemos aqui artistas e escritores que preservam e difundem a nossa história. Convido toda a população a participar: esperamos cerca de 400 mil pessoas ao longo da programação. Não percam”, destacou a vice-governadora Hana Ghassan.

Entre as novidades deste ano está o horário de visitação, que começa às 9h e encerra às 22h, com entrada às 21h, possibilitando um acesso maior do público. A cada edição, a feira atrai um público numeroso e gera grande expectativa, comentou a secretária de Cultura (Secult) Ursula Vidal.
“Temos tido mais de 400 mil pessoas nas edições anteriores e esperamos que esse ano seja assim também, até porque vamos ampliar uma hora a cada dia no período de funcionamento da feira, que é exatamente um momento onde a gente tem um pico de vendas e quando muita gente que sai do trabalho e quer ficar um pouco mais de tempo acompanhando a programação cultural na Arena Multivozes, se divide entre os livros e os shows que ocorrem diariamente”.
Bruno Souza, 45, é engenheiro de segurança do trabalho. Frequentador do evento há seis anos, ele levou suas filhas gêmeas de 11 anos. “Descobrimos recentemente livros e jogos que interessam a elas. Tem muitos livros de pintura também, mas as minhas filhas são pré-adolescentes e elas estão procurando esse tipo de leitura diferenciada. A gente frequenta com elas esse espaço aqui há uns seis anos e o objetivo é promover o contato com diferentes tipos de literatura e o conhecimento de mundo”.
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OBRAS
Amanda Sampaio, 37, se considera uma leitora universal. Ela estava com a filha e amigas desde as primeiras horas de abertura da Feira. Frequentadoras assíduas, elas aproveitam as promoções, a variedade de livros e a experiência de contato físico com as obras. “Eu fico esperando todos os anos pela Feira. Eu adoro, tanto que a gente veio nas primeiras horas para curtir e ficar o dia inteiro aproveitando cada estande para pesquisar e garimpar alguma coisa. Achei bastante livros que eu não tinha na minha coleção. Eu compro pela internet, mas aqui tem aquele gostinho de pegar, cheirar e eu levo de tudo: investigação policial, romance, fantasia e outros”, contou a visitante.
A Feira do Livro disponibiliza totens interativos para facilitar a busca por livros e informações. “Compreendemos que essa novidade vai tornar a experiência do visitante muito mais interativa. São cinco totens interativos espalhados pela Feira, onde a pessoa pode pesquisar o livro ou o autor e o totem mostra o mapa onde você está e localiza onde o livro está à venda”, destacou Ursula Vidal.
PROGRAMAÇÃO
Na programação, a Feira do Livro contempla ainda a Feira Criativa, o Beco do Artista, o Ponto do Autor, entre outras atrações. Na estrutura e na economia, a Feira movimenta uma área de 10 mil m², com 189 estandes e mais 9 dedicados à alimentação com a participação de 120 empresas, 31 editoras, 40 livrarias e 40 distribuidoras.
Em ano de COP, as discussões sobre as mudanças climáticas são ainda maiores. “Vamos ter uma programação inteira dedicada às vozes do clima e da sustentabilidade ligada a essa missão de garantir um protagonismo amazônico nessas discussões climáticas, sendo a Amazônia um território de muitas soluções climáticas baseadas na natureza, na cultura e na economia verde. Toda a cenografia da Feira trabalha com o conceito da sustentabilidade, do reuso e do reaproveitamento”, ressaltou a titular da Secult.
HOMENAGEADOS
Durante a Feira, três livros editados pela Secult serão lançados. As obras reverenciam as trajetórias dos homenageados. “Mestre Damasceno e as cantorias do Marajó” é organizado pelo jornalista Antônio Carlos Pimentel Jr. e conta com ilustrações de Mandy Modesto. O livro apresenta relatos de vida do homenageado e convida o leitor a conhecer a cultura do Marajó de forma sensível e acessível.
Aos 71 anos de idade, Damasceno Gregório dos Santos, ou como é mais conhecido, Mestre Damasceno, possui 52 anos de atuação na cultura popular. Oriundo do Quilombo de Salvá, no município de Salvaterra, ilha do Marajó, o cantor e compositor de toadas de boi-bumbá, de carimbó, samba e até brega já ganhou inúmeros títulos, sendo o primeiro em 1973, aos 19 anos, quando foi campeão de colocador de Boi-Bumbá, no município de Soure.
Há pouco mais de um mês, Mestre Damasceno está hospitalizado fazendo tratamento oncológico. Na internet, seus familiares atualizaram sobre seu estado de saúde na manhã de sábado. “Mestre Damasceno apresentou uma boa melhora nos últimos dias. A evolução clínica é motivo de alegria e a torcida segue para que, em breve, ele possa deixar a UTI. A família agradece pelas orações, mensagens de carinho e energia positiva, e reforça o pedido para que sejam respeitados o espaço e a privacidade neste momento”, diz o texto publicado na página dele do Instagram.
Outra obra que será lançada nesta edição é “Wanda Monteiro-Poesia reunida”, que reúne textos da autora que tratam de afetos, cotidiano e experiências amazônicas com lirismo e profundidade.
Já o título “O Homem Rio-A saga de Miguel dos Santos Prazeres”, de Benedicto Monteiro, ganha edição especial em homenagem ao centenário do autor, celebrado em 2024.
Filha do escritor Benedicto Monteiro, Wanda nasceu em 1958, no município de Alenquer, no Oeste do Pará. Advogada, escritora e pesquisadora da obra do pai, Wanda Monteiro construiu uma carreira sólida. Entre ensaios, contos, poemas e romances, sua produção traz a Amazônia como personagem principal. “É uma emoção muito grande ser homenageada, que não é minha só, é do meu povo alenquerense. É de alguém que nasceu dentro do rio, numa bainha d’água lá na mata mais densa, onde tem uma aldeia chamada Alenquer”, afirmou.
Serviço
- Quando: de 16 a 22 de agosto, das 9h às 22h.
- Onde: Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia- Av. Dr. Freitas, s/n - Marco, Belém – PA.
- Quanto: gratuito.
Para saber mais, acesse também a edição do Diário do Pará.
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