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TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS

Soluções ajudam a gerir o lixo

Novas tecnológicas podem contribuir para a gestão de resíduos sólidos, seja no serviço público ou privado.

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Imagem ilustrativa da notícia Soluções ajudam a gerir o lixo camera Tecnologia pode ajudar no processo de reciclagem | Cintia Magno/ Diário do Pará

Presente em inúmeras atividades do dia a dia, a tecnologia também pode ser uma importante aliada do gerenciamento de resíduos sólidos. Em diferentes partes do mundo, o conceito de Smart City, ou cidade inteligente, está diretamente relacionado a como é possível fazer uso das soluções tecnológicas existentes, hoje, para otimizar o gerenciamento dos resíduos, seja na coleta ou mesmo no tratamento.

O professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), campus Belém, e doutor em Ciências Agrárias, Luiz Augusto Silva de Sousa, considera que a busca por soluções tecnológicas que contribuam com a gestão de resíduos pela administração pública se faz urgente e primordial para reduzir os danos causados ao meio ambiente. Não é à toa que o país dispõe da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e que posteriormente foi regulamentada pelo Decreto Nº 10.936, de 12 de janeiro de 2022. O que é preciso fazer, agora, é colocar a norma em prática, o que pode ser feito com o auxílio da tecnologia.

“Existem diversas tecnologias que podem ser usadas no gerenciamento de resíduos, desde as mais simples como coleta seletiva, reciclagem, compostagem, até uso de aplicativos no gerenciamento de resíduos para produção de energia a partir da combustão de metano oriundo de aterros sanitários ou mesmo queima direta dos resíduos como fonte de calor”, destaca o professor. “Neste caso, os aterros sanitários, passariam de passivo ambiental para produtores de energia, contribuindo para a preservação do meio ambiente, uma vez que reduziria e muito a emissão de metano para a atmosfera, que é o gás que mais destrói a camada de ozônio, e que contribui para o aquecimento global”.

Nesta perspectiva, o professor destaca que diferentes startups já criaram soluções para o gerenciamento de resíduos sólidos em empresas e instituições públicas e privadas. São modelos que, segundo ele aponta, trabalham desde a separação correta dos resíduos, até a verificação do nível de carga dos recipientes, a data de coleta, o transporte e seleção de materiais de acordo com os interesses das empresas. “Essas tecnologias já estão sendo usadas no dia a dia de algumas cidades no mundo. Cingapura é um exemplo. Lá foi adotada uma abordagem abrangente da gestão de resíduos, que inclui a coleta e separação de resíduos, a incineração de resíduos não recicláveis e a reciclagem de materiais. A cidade também utiliza tecnologias como contentores de lixo inteligentes e sistemas de rastreamento de resíduos para monitorar o fluxo em tempo real”, exemplifica.

“Amsterdã é um exemplo de cidade que, além da tecnologia, possui uma forte cultura de reciclagem disseminada entre a população. A capital da Holanda tem um programa de reciclagem completo que separa e recicla uma ampla variedade de materiais. Outra cidade com alto índice de uso de tecnologia para o gerenciamento de resíduos é Tóquio, onde mais de 90% do lixo é reciclado ou compostado.”.

No Brasil, o professor cita Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte e Santos como exemplos de cidades que já adotam contêineres inteligentes na gestão dos resíduos urbanos. Apesar de essa ainda não ser uma realidade na capital paraense, que ainda carece de políticas públicas voltadas para a área, o professor reforça que também não se pode esquecer que o problema do gerenciamento de resíduos não é exclusivo do poder público e das empresas, mas também do próprio cidadão. “É equivocado o pensamento de que limpeza urbana é um problema unicamente do poder público. Em muitos países, a população já compreendeu que o descarte e o tratamento do lixo também são responsabilidade de quem o produz. Garantir que ele chegue ao destino adequado é uma questão de cidadania e respeito ao futuro”, considera.

LIXÕES

A embaixadora do Instituto Lixo Zero Brasil em Ananindeua e consultora certificada Lixo Zero, Sandra Greidinger, destaca que no Brasil, infelizmente, o uso da tecnologia na gestão dos resíduos sólidos ainda é pouco comum, sobretudo se considerado que ainda existem muitas cidades brasileiras em que a destinação final dos resíduos sólidos ainda é feita nos chamados ‘lixões’, sem qualquer tratamento, mesmo com a existência da Política Nacional de Resíduos Sólidos. “A tecnologia é bem-vinda para trazer modernidade e eficiência no tratamento dos resíduos sólidos e o poder público pode se valer destas tecnologias para a melhor gestão e tratamento de resíduos. Uma vez que há pouca inovação no atual modelo de gestão pública dos resíduos sólidos, pois basicamente se concentra no transporte dos resíduos e destinação final, em alguns municípios em aterros sanitários. Já há alternativas, com a implantação de usinas de reciclagem, inclusive automatizadas”.

Sandra considera que existem procedimentos tecnológicos e de baixo custo que poderiam contribuir consideravelmente. Soluções que poderiam ser adotadas, inclusive, pelo próprio poder público. “O poder público em nosso Estado poderia implantar alguns procedimentos tecnológicos que, com menor custo, como constituir um sistema de informação geográfica, que permite gerenciar o ciclo dos resíduos, definindo o local de geração de maior quantidade de resíduos, tipo, de forma automatizada e com rastreabilidade”, exemplifica. “O poder público poderia estabelecer pontos estratégicos nas cidades para instalação e ecopontos, adequados ao uso urbano, que pudessem ser verdadeiras caixas de compartilhamento, que receberiam tanto resíduos orgânicos, quanto recicláveis”.

Outra possível solução apontada pela consultora seria a implantação de um sistema de biodegradação do plástico, que permitiria que este material fosse degradado fisicamente em até 90%, evitando que fossem parar irregularmente nos solos e rios. Além da própria parceria com cooperativas de reciclagem e devido pagamento pelo serviço ambiental que prestam à cidade. “Mas o primeiro passo é fazer valer o que determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos, com a implantação de coleta seletiva, a constituição de aterros sanitários, implantação de sistema de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos”.

Nesse sentido, Sandra Greidinger destaca que o Instituto Lixo Zero Brasil tem como propósito justamente disseminar o conceito Lixo Zero no país, para que mais pessoas, empresas e governos adotem práticas mais sustentáveis. “Assim constitui uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seus modos de vidas e práticas de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais são projetados para permitir sua recuperação e uso pós-consumo”, aponta.

No âmbito do poder público e das empresas, ela considera que a gestão de resíduos também pode ser beneficiada pela tecnologia e a inovação. Existem soluções que permite, por exemplo, fazer o rastreamento dos resíduos desde a geração, até a destinação final, mantendo o monitoramento e o controle na geração de resíduos em todas as etapas. “Uma segunda ação que pode ser implantada é se valer de tecnologias desenvolvidas por startups que criam tecnologias que facilitam a melhor gestão dos resíduos, como startups que desenvolvem plataformas digitais que conectam empresas e prestadores de serviços de coleta de lixo e reciclagem”, aponta. “Outra pode ser a dos biodigestores, produzindo biogás a partir da matéria orgânica. Como se pode observar, em diferentes etapas da gestão dos resíduos, pode se fazer uso da tecnologia”.

📷 |Divulgação

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