Golpes aplicados por quadrilhas que ofertam falsos serviços de empréstimos consignados estão entre os principais tipos de atendimentos realizados pelos Procons no país. As principais vítimas são pessoas idosas, na faixa etária entre 61 a 70 anos. A facilidade para a obtenção do crédito e a oferta de taxas de juros mais baixas oferecidas pelas empresas de fachada acabam tornando-se atrativos para que esse público caia em armadilhas.
Dados do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec), que integra o atendimento realizado por 26 Procons Estaduais e Distrito Federal, apontam que em 2022 foram realizados 1.100.644 atendimentos pelos Procons integrados, sendo a maior parte dos atendidos pessoas com idade entre 61 a 70 anos, o que representa 21,1% dos atendimentos.
Este tipo de golpe também representa o maior número de atendimentos no Procon-Pará, envolvendo pessoas idosas, conforme explica a diretora do órgão, Gareza Moraes. “No Procon, a nossa grande demanda com idosos, na faixa etária de 61 a 70 anos, é relacionada a empréstimos consignados ou cartão consignado, que o consumidor idoso desconhece. Normalmente, os golpes acontecem através de redes sociais, de telefone, WhatsApp ou pela internet”, informou.
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ORIENTAÇÕES
A diretora ressalta que as instituições financeiras, de modo geral, não ofertam cartões ou empréstimos consignados via contatos telefônicos, redes sociais e internet. Por isso, caso o idoso realmente necessite de um empréstimo, a recomendação é procurar presencialmente as instituições bancárias que prestam legalmente este tipo de serviço. De preferência, sempre acompanhados por um familiar de confiança.
“Lembrando que essa autorização de empréstimo deve ser de forma prévia, expressa e por escrito. O idoso tem que estar atento a isso. Quando ligarem para ele e começarem a falar sobre empréstimos, o ideal seria que ele desligasse o telefone, porque esses golpistas têm um poder de persuasão muito grande. Se continuar a ligação, ele correrá um grande risco de ser convencido (pelos criminosos)”, orienta a diretora.
De acordo com a diretora, muitas vezes esses criminosos buscam informações sobre as vítimas antes de entrar em contato com elas. Conseguem descobrir, por exemplo, que os idosos têm margem para empréstimo consignado e, com isso, fazem falsas ofertas de serviços. “Eles ligam oferecendo os serviços, porque muitas das vezes já sabem que o idoso possui essa margem de empréstimo consignado. Provavelmente, essas informações sejam de alguma forma repassadas. Inclusive, no dia 1º de abril houve uma nova determinação de que não deve ser feito empréstimo consignado para idoso por até 180 dias após recebimento do benefício pelo INSS, porque tem casos em que antes mesmo dele receber o benefício, eles já entram em contato com esse idoso oferecendo um serviço de empréstimo consignado. Ou então ele já tem um empréstimo e eles ligam oferecendo uma nova taxa, uma nova proposta de renegociação desse empréstimo consignado com uma taxa de juros mais baixa”, garante.
Quando isso ocorre, os criminosos pedem que o idoso transfira valores em dinheiro para contas bancárias. “Os bancos não ligam para oferecer financiamento e dinheiro por telefone. A nossa dica é, se houver necessidade, que eles procurem o banco físico. E lá analisem as melhores propostas de juros, obedecendo o limite de 35% por cento da renda deles, para que depois não comprometa toda a renda e ele se torne um consumidor superendividado”, pontua.
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DADOS
Entre junho de 2022 a abril deste ano, o Procon-Pará recebeu um total de 596 reclamações somente referentes a serviços financeiros contratados nessa faixa etária. “Se caiu em um golpe, a primeira coisa que o idoso que recebe o benefício deve fazer é entrar em contato com o INSS e pedir o bloqueio desse empréstimo. Ele pode até fazer isso através da internet no app ‘Meu INSS’.
O segundo passo é formalizar essa reclamação no site www.consumidor.gov.br. E, também, procure a Delegacia do Consumidor e o Procon, que a gente pode ajudar melhor presencialmente”, disse. “ Para tentar resolver, vamos descobrir qual foi a fraude e, inclusive, orientamos para que quando houver essas ligações, esses contatos via WhatsApp e internet, que se registre tudo isso para que a gente consiga provar que realmente foi uma fraude para tentar resolver com o banco”, esclarece Gareza.
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