Fazer supermercado ou ir a feira nos dias de hoje tem pesado no bolso, já que grande parte dos hortifrúti - frutas, verduras e legumes - apresentou alta que chegou a mais de 40%. É o que afirma uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA) realizada entre janeiro e fevereiro desde ano.
Os cinco alimentos que mais sofreram reajustes nos dois últimos meses foram: cenoura, com alta que chegou a 41%; seguido da beterraba que alcançou 37%; a macaxeira (37%) e batata doce (26%). Por fim, a batata lavada ficou 20% mais cara.
Segundo a entidade, esse percentual está bem acima da inflação para o mesmo período, calculada em 1,23%, segundo o Índice de Preços no Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A principal explicação é o excesso de chuvas no Sudeste e secas no Centro-Oeste do Brasil, causando o que os especialistas chamam de “lavoura de curto prazo”.
“Ao analisarmos o levantamento concluímos que são produtos consumidos em larga escala não só em Belém, mas em todo o Pará. Em contraponto, não há uma produção que atenda esta demanda aqui e por isso vamos buscar esses alimentos em outros estados, então além do clima, tem os custos de produção que deixam tudo mais caro”, afirmou o supervisor técnico do Dieese/PA, Everson Costa.
Everson completa ainda. “Essas causas são até tradicionais, mas enquanto tivermos um grau de dependência elevado e não uma produção que atenda, pelo menos, boa parte do que consumimos aqui, toda vez que tivermos variações forte de custo, o resultado é a formação final do preço bem elevado para nós, impactando diretamente os rendimentos mensais de uma família”, concluiu.
PLANEJAMENTO
Os números ainda são superiores quando analisados em um período maior, no caso, nos últimos 12 meses, entre fevereiro de 2022 e 2023. Um susto para os consumidores, já que há produtos, como a macaxeira que teve um aumento de 109,93%. A cebola também ficou 63% mais cara e o quiabo teve acréscimo de 37,71% no valor.
Rosenilda Fortunato, 50 anos, conta que mesmo diante das informações, ainda confia que, no futuro, os preços possam cair. “Sobre o aumento, para quem faz supermercado todos os meses, reconhece que virou quase uma regra essas alterações na hora da compra. Mas é isso: como precisamos nos alimentar, então levamos assim mesmo”, declarou a operadora de caixa.
Para Fortunato, a boa e velha pesquisa continua sendo a melhor ferramenta para economizar no final do mês. “Não tem outra alternativa, ficar atento nos preços entre um estabelecimento e outro é eficaz. Claro que no final, talvez não consigamos levar a mesma quantidade, ou até mesmo com a mesma qualidade, mas diante da atual conjuntura econômica que estamos vivendo, tem que procurar”, pontuou.
Dilson Costa, 71, segue os mesmos passos e revelou que nunca fecha as compras do mês em apenas um supermercado e sempre busca outras opções de estabelecimentos. “Dentro dessas alternativas mais baratas eu incluo as feiras também. Tem produto que tá mais em conta em um ponto do que em outro, então é para lá que eu vou”, explicou.
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Já nas feiras, como citado pelo aposentado, é possível encontrar a mesma variedade de hortifrúti do que nas grandes redes de supermercado, mas com um diferencial: o poder de negociação é maior. De acordo com os feirantes, o esforço é grande para não repassar as constantes altas para os clientes, mas nem sempre isso é possível e o reajuste é aplicado.
Dependendo da pechincha, o feirante Mauri Ferreira, 48, disse que é possível conseguir em média de 15% a 20% de desconto. “Nosso objetivo é fazer com que a freguesia saia satisfeita e com os produtos. Claro que, queremos que o bom senso seja dos dois lados, para que ninguém saia perdendo e ambos fiquem satisfeitos com a negociação”.
"Sobre o aumento, para quem faz supermercado todos os meses, reconhece que virou quase uma regra essas alterações na hora da compra. Mas é isso: como precisamos nos alimentar, então levamos assim mesmo”. Rosenilda Fortunato, operadora de caixa.
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