Desde a derrota para o Águia e consequente desclassificação do Campeonato Paraense, o Paysandu vive um pequeno inferno astral. Venceu na estreia da Série C jogando mal e sendo beneficiado pela marcação de um pênalti inexistente. Depois foram três jogos sem vencer, com um empate (Cametá) e duas derrotas (Figueirense e Ypiranga), a última uma impiedosa goleada de 5 a 0.
Hoje, o Papão pode iniciar sua redenção com o primeiro jogo da decisão da Copa Verde. Além do título, há a possibilidade de abocanhar uma quota de quase R$ 3 milhões por garantir uma vaga já na terceira fase da Copa do Brasil do ano que vem. O principal obstáculo para isso é o adversário. O Goiás-GO disputa a primeira divisão e, a despeito de um começo ruim de Campeonato Brasileiro, vem de uma vitória sobre o líder Botafogo-RJ, ostentando um inevitável favoritismo para a disputa.
Para deixar a missão mais difícil, o técnico Marquinhos Santos não contava com o planejamento confuso do time para chegar a essa decisão com um elenco diminuto, com poucas opções. Por causa de lesões e demissões, principalmente, o treinador teve que quebrar a cabeça para escolher o time titular.
Nos últimos dias o time perdeu o goleiro Thiago Coelho, que passou por um procedimento cirúrgico de apendicite e vai desfalcar a equipe por pelo menos duas semanas. Além do arqueiro, o time não contará com o lateral-direito Samuel Santos, dispensado semana passada. Santos era o único especialista para a posição à disposição para a Copa Verde.
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O único setor da equipe que chega sem desfalques para hoje é o ataque. Bruno Alves e o artilheiro Mario Sérgio começaram a temporada juntos e vão para a decisão da mesma forma. “O Goiás é uma grande equipe, mas confiamos no que podemos fazer, que se estivermos determinados podemos fazer valer nosso potencial”, comentou Bruno, que além da compensação financeira futura aponta os ganhos imateriais com um título como o da Copa Verde. “Além do dinheiro tem nosso nome. Precisamos vencer e um título é bom para todo mundo”. O Super Mario credita o jogo de hoje como o mais importante do ano e afirma como deve ser o primeiro confronto. “Vai ser de muita entrega e disposição diante de um adversário que está na primeira divisão. Vamos lutar por esse título. São duas partidas de peso e em campo temos que tentar igualar as forças”.
A má fase da equipe não tem atraído tantos torcedores aos estádios e a procura por ingressos, até aqui, foi muito menor para uma decisão como essa. Mário Sérgio fez uma conclamação à Fiel para que ela vá ao Mangueirão e dê um voto de confiança ao time. “A torcida tem que acreditar. Podemos melhorar, mas é preciso o apoio dos nossos torcedores. Eles fazem diferença. Foi assim diante do nosso rival e pode ser assim agora. Temos jogadores experientes que podem ajudar demais. É preciso cautela e força para buscar esse resultado”.
+ADVERSÁRIO
Franco favorito para o título, o Goiás busca uma conquista inédita. Assim como o Paysandu, a busca é para garantir uma vaga direta na terceira fase da Copa do Brasil do ano que vem. Mesmo sendo um confronto entre uma equipe da primeira divisão contra uma de terceira, o técnico Emerson Ávila pregou respeito ao time paraense. “É uma outra competição. É uma conquista muito importante porque nos dá um avanço na Copa do Brasil. A gente não pode pensar de maneira alguma que por estarmos na Série A isso já é algum tipo de vantagem. Pelo contrário, temos que respeitar muito o Paysandu, temos que encarar esses dois jogos com muita responsabilidade”, disse.
Ávila também terá desfalques por causa do período de inscrição, mas garantiu que nada deixasse a equipe mais fraca. “Temos que ir em busca de um bom resultado, fazer um jogo com cautela. Nem todos os jogadores nós podemos levar por causa da inscrição, mas vamos em busca do título com toda a humildade possível”. Uma das possíveis novidades é o retorno do goleiro Tadeu. Ele está recuperado de fratura de um dedo na mão direita e foi relacionado para a partida.
João Vieira quer reviver emoção da conquista regional
O meia foi fundamental para o tricampeonato bicolor da Copa Verde
Na memória do torcedor bicolor ainda está fresca a lembrança de duas cobranças de falta do meia João Vieira nos jogos decisivos da Copa Verde do ano passado, contra o Vila Nova-GO. No jogo de ida, na Curuzu, o goleiro do Tigre voou para uma bola que foi no ângulo. Já na partida de volta, nos acréscimos da etapa final, o jogador bicolor cobrou à meia altura, no contrapé do arqueiro, que nada pôde fazer para impedir que o Paysandu embalasse para a conquista do tricampeonato.
Hoje, João é uma das principais referências técnicas da equipe, seja atuando mais adiantado ou recuado, ou até como ala direito, provável posição em que estará em campo logo mais. Para ele, chegar a mais uma decisão é um privilégio a ser aproveitado.
“É a oportunidade de mais uma final com o Paysandu. Vai ser difícil, contra um time de Série A, mas somos os atuais campeões e vamos atrás de mais um título. O momento é difícil, mas vamos tentar defender nosso título”, disse. “Ano passado a situação também era difícil, contra um adversário da Série B e conseguimos o título. Temos que ser inteligentes. Serão dois jogos e não adianta ir com tudo para cima. Ano passado foi assim. Viver de novo essa sensação seria incrível”, completou o meio-campista.
João é mais um a reconhecer que o momento do Paysandu é difícil, mas que o time tem condições de surpreender um adversário mais gabaritado. “Temos que chamar a responsabilidade e ir para cima. Estamos numa final porque fizemos por onde, conseguindo uma remontada diante do Remo de uma maneira muito boa. Se estamos na decisão, podemos ser campeões”.
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