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GRAFITE

Você conhece este rosto? Conheça a história por trás da arte

Quem anda pelas ruas de Belém já deve ter visto este rosto e se perguntado quem seria. Um artista visual paraense cativa curiosidades e reações pela cidade

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Imagem ilustrativa da notícia Você conhece este rosto? Conheça a história por trás da arte camera O projeto "Grafite Rosto" resiste e ocupa as ruas de Belém | Arquivo pessoal

Embora seja muito famoso, muitos transeuntes desconhecem a história por trás do conhecido rosto que estampa as ruas da Região Metropolitana de Belém.

Grafite traz nova identidade a cenário urbano da cidade

A arte de transformar uma ideia em tatuagem

O projeto se chama “Grafite Rosto” e é de autoria do artista visual Italo Costa, bacharel em Artes e licenciado em Artes Visuais, pós-graduado em Políticas de Inclusão Racial e atualmente acadêmico do 5º semestre do curso de Direito.

Além disso, o artista revela que colabora em um dos maiores clubes de futebol do Pará: ele é o atual autor do escudo do Clube do Remo.

De tempos em tempos, surge um debate nas redes sociais sobre o grafite famoso, onde muitos internautas expõem diferentes pontos de vista a respeito do que imaginam ser o significado da arte.

No Twitter, há várias sugestões em resposta a uma publicação que expressa a vontade de saber do que se trata a obra.

“Você acabou de ler um dos questionamentos mais pessoais da minha mente, há anos eu me pergunto quem é esse querido”, comentou um usuário.

“E eu jurando que era uma família lutando para fazer justiça pela morte de seu filho 💀”, escreve outro. “Meu Deus, chocado que é um professor de Belém! Eu sempre achei que fosse o meme do Chico Buarque”, escreveu um internauta, se referindo ao meme viral do cantor.

O grafiteiro ressalta que costuma acompanhar as eventuais viralizações do projeto, mas que não costuma interagir para não interferir na obra. “Raríssimas vezes interajo, pois nunca tive como pretensão de ter minha identidade revelada”, enfatiza.

Italo também conta que o projeto existe há 10 anos e que notou um interesse crescente diante da pandemia da Covid-19. "Tenho percebido que o contexto pandêmico despertou um lado mais atencioso nas pessoas para as informações visuais presentes na cidade, umas que sempre estiveram lá mas eram "invisíveis" aos olhares da sociedade”, pontua.

Como surgiu a ideia?

“No embalo da cultura Pop, desenvolvi uma sequência de trabalhos utilizando meu rosto em várias aplicações, uma prática muito comum em um movimento artístico denominado Pop Art”, diz Italo.

Se referindo à repetição da imagem, ele cita Gitahy, artista plástico e um dos precursores do graffiti em São Paulo e no Brasil: “corresponde ao carimbar exaustivamente o próprio nome em grande escala pela cidade e bairros, apropriando-se de todo e qualquer tipo de superfície”.

📷 |(Foto: arquivo pessoal)

Italo também destaca que esta etapa faz parte de uma experimentação. “O objetivo foi explorar novas áreas, além de observar a reação do público frente a estas experiências divergentes aos habituais grafites presentes nas ruas da Região Metropolitana de Belém”, afirma.

A ideia de explorar o assunto surgiu no Trabalho de Conclusão do Curso da faculdade, que, segundo o artista, foi uma decisão inesperada e distinta do que pesquisava inicialmente. “Foi aí que mergulhei de cabeça nesse pouco explorado objeto de estudo científico em Belém. Como eu atuava na área do marketing e precisava pesquisar sobre o grafite, decidi unir os dois”, diz.

Qual o objetivo do projeto Grafite Rosto?

Italo destaca que os vínculos e interpretações múltiplas e pessoais foram as principais motivações.

“Por ser uma arte contemporânea, o que se espera é que as pessoas criem vínculos que não necessariamente sejam o meu pensamento sobre a obra. Às vezes se acham parecidas com o desenho, ou lembram de alguém, ou associam a algum acontecimento social. Têm pessoas que mandam fotos de amigos que se parecem com o personagem, ou que pensam que é uma homenagem a alguém que morreu”, detalha o grafiteiro, que não esperava a repercussão que o projeto teve.

📷 |(Foto: arquivo pessoal)

Ele ainda completa sobre a importância do retorno que a obra gerou. “O legal é que cada um tira um tempinho do seu dia para criar sua própria narrativa sobre o rosto. Esse é o ponto máximo da obra. Às vezes eu dou algumas pistas sobre mim (easter eggs). Outras vezes deixo mensagens de inspiração ou reflexão e por aí vai”, explica.

Arte viajante

Uma das experiências mais empolgantes que o grafite proporcionou ao artista é a rede de apoio criada ao redor do mundo e a troca com fãs de outros lugares.

“Sempre que viajo, eu faço meu grafite ou colo adesivos nos lugares, mas eu tenho uma super rede de apoiadores que gostam da minha arte e também colam meus adesivos pelo mundo todo. Aqui tem um ponto bem legal, muitas das pessoas que fazem parte desta rede de apoio eu sequer conheço pessoalmente. Elas entram em contato pelas redes sociais e depois trocamos cartas. Sim, cartas!!! As pessoas enviam adesivos e eu retribuo. Assim, eu colo adesivos dos artistas de fora aqui em Belém e os destinatários colam os meus em suas cidades”, diz Italo, que incentiva o hábito de trocar cartas.

Grafite x Pichação, trabalhos e inspirações

Durante a entrevista, o artista visual, professor, grafiteiro, estudante de Direito, entre muitas funções, deu um posicionamento importante sobre a pichação em relação ao grafite.

“Grafite e pichação coexistem e o senso comum taxou uma como boa e a outra como vilã. Penso diferente disso. Grafite e Pichação têm estética e objetivos distintos”, explica Italo, que acrescenta acreditar que os vilões são outros, como as publicidades clandestinas (coladores de cartazes que fixam suas publicidades sobre os grafites) e o descaso com a arte de rua.

Além de um amigo grafiteiro, Michel (LKO), que sempre acompanha o artista nas grafitagens, ele contou com diversas inspirações neste e em outros projetos.

“De todas as fontes inspiradoras, o trabalho de @obeygiant, sem dúvidas, foi o que mais me guiou”, disse.

“@banksy foi o grafiteiro que me fez aplicar minha marca com a técnica do STÊNCIL, que no Pará ainda era raridade. Logo, pode-se afirmar que o Grafite Rosto foi pioneiro na utilização do grafite feito com molde aqui no nosso Estado”, finaliza o artista”

Conheça o trabalho do artista:

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