Sabine Boghici, 49, morreu na tarde desta quinta-feira (14) após cair do quinto andar de um prédio no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. Ela chegou a ser socorrida pelos bombeiros e levada para o hospital, onde foi constatada a morte.
Sabine respondia em liberdade pela acusação de estelionato, roubo, extorsão, associação criminosa e cárcere privado contra Geneviève Boghici, 84, sua mãe. Ela e outras seis pessoas foram denunciadas por suspeita de desvio de obras de arte e joias, em um golpe de cerca de R$ 720 milhões.
Ela morava na casa da filha de Rosa Stanesco, sua esposa e, segundo a investigação, cúmplice nos crimes. Rosa continua presa. Uma carta de despedida supostamente escrita por Sabine e endereçada a Rosa foi encontrada no apartamento.
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O caso foi registrado na 15ª DP (Gávea). A mãe de Sabine, que mora em Copacabana, seria informada da morte da filha na manhã desta sexta (15), de acordo com uma pessoa próxima. O enterro está previsto para este final de semana.
Sabine e Rosa eram casadas em comunhão universal de bens, conforme documentos que constam no processo. Ainda segundo os autos, Sabine fez, na época do casamento, um testamento no qual deixava toda a sua herança para o filho adotivo da companheira, uma criança de sete anos.
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O dinheiro da família tem origem no trabalho do marchand Jean Boghici (1928-2015), pai de Sabine, um dos principais colecionadores de obras de arte do país. A herança deixada —cujas beneficiárias são Geneviève, Sabine e outra filha— é avaliada em R$ 1 bilhão. As defesas dos suspeitos sempre negaram as acusações.
Em nota divulgada em março, quando Sabine deixou a prisão, o advogado Vanildo Júnior afirmou que "a acusação apresenta fundamentação frágil e amparada exclusivamente na palavra da vítima, em represália a contestação da sua inventariança e pelo fato da não aceitação do relacionamento homoafetivo da sua filha".
ENTENDA O CASO
Conforme a denúncia da Promotoria do Rio de Janeiro, os crimes de cárcere e desvio das obras teriam ocorrido entre janeiro de 2020 e abril de 2021.
Inicialmente, Geneviève teria sido convencida por supostas videntes a pagar por um tratamento espiritual que evitaria a morte de Sabine. Na ocasião, a idosa foi abordada na rua por uma das envolvidas dizendo que em breve a filha "iria morrer por influência de um espírito", mas que ela poderia evitar esse destino.
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Ela então teria realizado oito transferências que totalizaram R$ 5 milhões em duas semanas. Depois disso, passou a desconfiar que estaria sendo vítima de um golpe. À polícia ela disse que, ao se recusar a continuar com os depósitos, foi mantida em cárcere privado pela filha no apartamento da família, em Copacabana.
Geneviève disse ainda que a filha a obrigou a fazer faxina na cobertura, incluindo a limpeza das fezes de 20 cachorros que pertenceriam a Sabine. Em uma ocasião, um dos animais a mordeu, segundo ela.
A idosa afirmou também ter sido ameaçada com uma faca para fazer transferências para a conta do filho de Rosa, uma das supostas videntes. Somente um dos depósitos foi no valor de R$ 692 mil. No total, Geneviève apresentou à polícia comprovantes de transferências que totalizaram R$ 9 milhões.
Ainda segundo ela, joias e obras de arte foram retiradas de sua residência com a justificativa de que seriam benzidas. Entre elas o quadro "Sol Poente" (1929), de Tarsila do Amaral, que fora encontrado pelos investigadores debaixo de uma cama. Somente as obras que estão atualmente expostas no Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires) não foram recuperadas.
Sabine ganhou a liberdade em março deste ano, mas não poderia se aproximar da mãe. Geneviève tentou, em outra ação judicial, torná-la indigna da herança, mas desistiu do processo. E continuou a pagar o plano de saúde da filha.
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