O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) apresentou, na última semana, a proposta de realizar um “concurso nacional unificado”, visando o preenchimento de cerca de 8 mil vagas abertas em diversos órgãos federais. A ideia de prova única seria semelhante ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em que a nota dos candidatos é usada para o ingresso em faculdades e universidades de todo o país.
De acordo com a pasta, a adesão dos órgãos ao “concurso nacional unificado” é voluntária e, segundo o cronograma do Ministério da Gestão, deverá ser realizada até o dia 29 de setembro. O edital tem previsão de ser publicado até 20 de dezembro.
O professor de direito administrativo e legislações, Fabrício Linhares, que atua há oito anos em cursinhos preparatórios voltados para concursos públicos, em Belém, avalia positivamente a proposta e acredita que o novo modelo torna mais democrático o acesso aos cargos públicos, apesar do desafio logístico, já que a ideia é que a prova seja realizada em 180 cidades.
“Eu enxergo o concurso nacional unificado como algo super positivo, é um desafio logístico, mas se a estrutura federal dá conta do Enem, ela também vai ser capaz de realizar esse concurso. A gente vai poder ter um maior número de pessoas, inclusive que já vem saindo do ensino médio com algumas habilidades que podem ser aproveitadas, aumentando assim a qualificação e a seleção desses profissionais”, disse.
Linhares comentou sobre as vantagens da prova única para os candidatos interessados em seguir carreira de servidor público, já que o exame será dividido com provas objetivas, específicas e dissertativas por bloco temático.
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PROVA
“Ela (prova) vai ofertar condições isonômicas para todos os candidatos, para de acordo com a sua área de interesse, alcançar também essa aprovação, esse objetivo de ingressar na carreira pública, seja na área administrativa, policial, jurídica, tributária, fiscal, enfim, não tem limite, com certeza os benefícios são vários”, avalia.
O professor também lembra que nem todos os candidatos têm poder aquisitivo para viajar para outros estados do país e custear passagens aéreas, hospedagem e alimentação. Para ele, com a unificação, esses desafios logísticos passam a ser resolvidos.
“Muitos candidatos deixavam de fazer algumas provas pelo próprio valor do exame e também pelo deslocamento, né? Por esse custo que nós tínhamos. Agora, dessa forma unificada, vai trazer uma competição saudável, ou seja, vai ser aplicado, literalmente, o princípio da eficiência. Vamos ter maior resultado, no menor tempo possível, com mínimo de gasto, mantendo e aumentando cada vez a qualidade do serviço público”, afirma.
Ainda segundo Linhares, apesar de mais simples e objetiva, a prova unificada também deixa tudo mais técnico e comenta que os cursos preparatórios devem se adaptar, uma vez que estudantes recém-formados no ensino médio e vestibulandos, vão estar competindo nessa nova oportunidade.
“A exigência vai ser, com certeza, maior e os cursos preparatórios vão ter que se adaptar. Adaptar a essa nova realidade, investir mais nessa preparação do candidato, principalmente a longo prazo. Isso vai fortalecer também a nossa educação, principalmente porque o aluno que já vem fazendo um ensino fundamental e um ensino médio forte, além de poder aproveitar suas habilidades para o Enem, agora pode ser inserido nesse concurso. Os próximos profissionais a entrarem no serviço público federal, vão ser mais técnicos, mais capacitados e terão muitas oportunidades, principalmente, de escolher em qual carreira pretendem atuar”, destaca.
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