Três dias após vazamento de informações sobre cortes nos preços dos combustíveis pelo governo, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, admitiu ontem que a empresa deve anunciar reduções na próxima semana. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, os preços médios da gasolina e do diesel têm caído nos postos.
A antecipação dos reajustes pelo palácio do Planalto, com grande antecedência, se tornou alvo de críticas entre minoritários e o setor de combustíveis, que já sentem impactos da redução dos pedidos de renovação de estoques à espera dos preços mais baixos.
Em entrevista nesta sexta, Prates disse que trará na próxima semana novidades sobre política de preços. “Há uma chance de que, ao tratar desse assunto na semana que vem, a gente faça avaliação dos [preços dos] combustíveis”, completou.
Ele não adiantou, porém, datas nem detalhes sobre o que será divulgado em relação a política de preços, alegando que não quer “dar spoiler”.
E MAIS:
A importância dos cuidados com os pneus na chuva
Frota de motos circulando em Belém aumentou 85% em dez anos
Eventual corte nos preços responde à redução das cotações internacionais do petróleo. Segundo dados dos importadores, a gasolina vendida pela estatal está hoje R$ 0,39 por litro acima da paridade de importação. O diesel está R$ 0,28 mais caro.
As primeiras notícias sobre cortes nos preços surgiram na quarta-feira (10), após reunião de Prates com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No dia seguinte, parlamentares, influenciadores alinhados e até um ministro inundaram as redes sociais com informações sobre o tema.
Eles celebravam que o preço da gasolina será reduzido em R$ 0,30 por litro, o do diesel, em R$ 0,10 por litro, e o do gás de cozinha, em R$ 15 por botijão de 13 quilos. Uma montagem com o rosto de Lula, dizendo que o governo anunciou corte no preço do gás de cozinha começou a circular.
“Ótima notícia: botijão de gás de cozinha vai ficar R$ 15 mais barato a partir da semana que vem!”, escreveu na quinta (11) o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta.
“Boa notícia! O governo acaba de anunciar redução no preço do botijão de gás de cozinha. O gás vai ficar R$ 15 mais barato a partir da semana que vem! Faz o L!”, repercutiu o senador Humberto Costa (PT-PE), citando o ministro como fonte.
Alvo de críticas
A antecipação dos cortes contraria a estratégia de divulgações da Petrobras, que geralmente anuncia reajustes em comunicados ao mercado, com início de vigência no dia seguinte. Por isso, se tornou alvo de críticas tanto entre minoritários da empresa quanto no setor de combustíveis.
A divulgação em comunicados tem o objetivo de garantir isonomia no acesso a informações que podem influenciar o desempenho das ações da companhia. É feita na véspera dos reajustes para tentar minimizar impactos sobre o mercado de combustíveis.
Executivo de uma grande distribuidora ouvido pela Folha diz, por exemplo, que os pedidos de compras dos produtos pelos postos costumam crescer antes de aumentos nos preços, em um movimento conhecido como “pré-alta”.
No caso atual, as empresas já sentiram uma redução no volume de pedidos, com os postos à espera dos novos preços mais baixos, mesmo sem detalhes sobre quando serão os reajustes nem confirmação oficial dos valores.
Comentar