
No sábado (16), o Pará foi palco do Projeto de Acolhimento Integrado, uma grande ação social direcionada à correção cirúrgica de deformidades nas mãos de crianças e adolescentes. A iniciativa é promovida pela Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), com apoio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) e do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS).
Durante a manhã foi organizado um momento de acolhimento do público beneficiado e familiares, com atividades lúdicas e afetivas. Já no domingo (17) e segunda (18), as cirurgias serão realizadas no Hospital Regional Abelardo Santos, responsável por disponibilizar cinco salas cirúrgicas, estrutura para internação e acompanhamento pós-operatório, além de equipe assistencial completa.
Ao todo, vinte crianças foram previamente selecionadas para serem atendidas por especialistas do Brasil, Argentina, México e Estados Unidos. De acordo com Rui Sérgio Monteiro de Barros, responsável técnico da ação e presidente da SBCM, o intuito do projeto é favorecer a melhoria da qualidade de vida daqueles que possuem deformidades congênitas ou adquiridas nos membros superiores através de procedimentos de alta complexidade.
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“Muitas dessas crianças não conseguem pegar uma caneta. Então a gente vai dar a funcionalidade para a mão da criança, para que ela seja alfabetizada, ir ao colégio, possa ser inserida no mercado de trabalho”.
Está sob a responsabilidade do Hospital Abelardo Santos o procedimento cirúrgico de correção das deformidades. Somente em 2024, o hospital realizou 911 cirurgias do tipo, sendo 843 voltadas à ortopedia pediátrica e 68 para deformidades congênitas nas mãos. Em média são realizados 90 procedimentos de ortopedia por mês. Conforme o técnico do HRAS, Marcel Ramalho, a unidade ainda vai disponibilizar toda gama do corpo clínico, incluindo anestesistas, cirurgiões, técnicos, pediatras e clínicos. “Nós iremos realizar 20 cirurgias de média e alta complexidade, incluindo exclusivamente os membros superiores”.
Segundo a diretora executiva do CIIR, Rejane Xavier, o centro é o responsável por toda a parte de acolhimento e preparação pré e pós-operatório dos 20 usuários beneficiados. “Essa é uma ação social inédita. Embora seja a terceira ação da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mãos, essa é a primeira dedicada a casos de alta complexidade. Nós fomos responsáveis por toda a parte de pré-triagem desses 20 usuários que serão submetidos aos procedimentos cirúrgicos no Hospital Regional Abelardo Santos. São pessoas com deformidades congênitas, com uma situação social bem complexa, vêm de regiões remotas do Pará e foram escolhidas dentro do perfil das suas complexidades”.
Aos 19 anos, Lucas Nobre vai passar por um dos procedimentos mais esperados durante a vida: a correção de uma das mãos. Estudante de Filosofia, o rapaz nasceu com prematuridade extrema, com 23 semanas de gestação. Foi no momento do parto que ele teve a primeira de seis paradas cardiorrespiratórias, além de icterícia, o que o deixou na condição de paralisia cerebral.
Hoje, o estudante tem uma comorbidade física devido às sequelas do parto. Apesar da cognição preservada, Lucas possui pouca coordenação motora fina e grossa, apresentando, também, uma deformidade na mão direita.
Para Lucas, a cirurgia é a esperança pela melhora da qualidade de vida, auxiliando, principalmente, na mobilidade da mão. “A minha expectativa é de uma vida melhor, qualidade de vida. Essa mão me incomoda muito. Eu não diria que me incomoda, mas, de certo modo, me atinge um pouco. Além de ter uma qualidade de vida melhor, é para ter um movimento estético. Eu queria poder movimentar minha mão sem problemas e essa cirurgia vai me ajudar”, relatou o universitário.
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