O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) mantém, durante o final de semana prolongado devido ao feriado do Dia do Trabalhador - 1º de Maio, o bloqueio da faixa de areia da Praia do Atalaia, em Salinópolis, nordeste paraense, às proximidades da Unidade de Conservação (UC) Monumento Natural do Atalaia. A operação conta com o apoio dos órgãos de segurança pública e de representantes da sociedade.
A medida visa garantir a proteção de cinco espécies de tartarugas marinhas - Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda), Lepidochelys olivacea (tartaruga-oliva), Chelonia mydas (tartaruga-verde), Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-pente) e Dermochelys coriacea (tartaruga-de-couro) - que utilizam a região para desova e, posteriormente, a eclosão dos ovos.
A passagem de pedestres em direção às barracas que comercializam alimentos e bebidas nessa área permanece autorizada. O mesmo vale para quem pratica surf, kitesurf e parapente. Desde o feriado de Carnaval, a interdição tem possibilitado uma nova experiência de turismo para quem visita a praia, sem a presença de carros e motocicletas.
Neste sábado (29), a família de Sandra Santos, que mora em Belém, estava na praia e aprovou a iniciativa, que viu em uma reportagem na televisão. “Quando cheguei aqui pude constatar que o bloqueio dessa parte da praia estava sendo feito. Confesso que desconhecia a existência de tartarugas marinhas nesta região do País, e aplaudo essa atitude dos órgãos competentes, por manterem esta área preservada”, disse Sandra.
A turista contou, ainda, que soltou seus animais para brincar e se divertir, em um ambiente seguro. "Observei que aqueles que trouxeram crianças deixaram seus carros próximo ao bloqueio, e preferiram ficar aqui, assim como nós, por entenderem que é uma região mais sossegada. Você fica tranquila devido à proibição do tráfego de veículos motorizados”, contou Sandra Santos.
Para Roberto Hesketh, é muito válida a iniciativa do governo do Estado, por meio do Ideflor-Bio, devido à atual situação climática do mundo. “Acho importante todo esse trabalho para a manutenção dos ecossistemas, para a natureza, sem falar que é uma experiência fofa saber que há tartarugas no litoral paraense. Soube dessa ação através das redes sociais e pelas placas de identificação ao longo da praia”, informou.
Preservação - O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, destacou que a região interditada faz parte da Zona de Amortecimento do Monumento Natural do Atalaia, uma das 27 UCs gerenciadas pelo Instituto. O Monumento é uma UC de Proteção Integral, criada para preservar os ecossistemas de manguezais, restingas e dunas do Atalaia.
Vídeo: assista o momento que Filó é liberada pelo Ibama
“O local é um dos últimos preservados nessa área, e que abriga diversas espécies de animais, entre mamíferos e uma rica avifauna residente e migratória, com atenção especial aos períodos de reprodução das tartarugas marinhas que sobem à Praia do Atalaia, no período noturno, para depositar seus ovos. Portanto, é dever de todos preservar esse paraíso natural em território paraense”, afirmou o presidente.
Atualmente, o Monumento Natural do Atalaia abriga 122 ovos de tartarugas marinhas, identificados no último dia 22 de abril por biólogos e pesquisadores do Projeto de Monitoramento de Desovas de Tartarugas Marinhas (PMDTM). Para garantir o crescimento seguro dos quelônios, o material foi transferido para um berçário previamente preparado na UC, com o objetivo de prevenir a destruição por pisoteio, esmagamento de veículos e pelas marés.
A operação conjunta do Ideflor-Bio prossegue no 3º atalho da Praia do Atalaia até a próxima segunda-feira (1º), com o apoio da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran), Corpo de Bombeiros Militar (CBM) e Polícia Militar do Pará (PMPA). Voluntários do Conselho Gestor do Monumento Natural do Atalaia e do Projeto Suruanã também participam da ação.
Comentar