Ao longo de seus 130 anos, comemorados nesta sexta-feira, a Ilha de Outeiro, segunda maior de Belém, segue encantando turistas de dentro e fora do Estado, que banham nas águas turvas da baía do Guajará. O distrito é marcado pela beleza de suas praias, como Redentor, Artistas, Escadinha, Grande, do Amor, Ponta do Barro e do Queral, além dos balneários Paraíso dos Reis e Curuperé. Tudo isso a 35 km do centro da capital, acessível a todos os públicos. Mas, assim como as belezas naturais, a exemplo da lendária árvore que fica entre as praias do Amor e Grande, os moradores de Outeiro também resistem às intempéries do tempo e enfeitam a ilha com seus saberes e fazeres da vivência e cultura local.
As histórias e memórias ligadas a Outeiro formam uma conexão única difícil de se desfazer. Esse é o pensamento da professora Adriana Gomes, 39, moradora do distrito há pelo menos 30 anos. Durante toda a infância, ela cultivou boas memórias nas praias e ruas da ilha e, hoje, junto ao marido, a programação preferida é levar os filhos à praia do Amor. “Não troco Outeiro por cidade nenhuma, por lugar nenhum, sempre digo isso. A gente sempre aproveita uma tarde, após o trabalho, para ficar um tempo aqui, pegando um vento, olhando as crianças e conversando. É uma terapia, ótimo para desestressar”, afirmou.
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Proprietário de um restaurante na beira da praia do Amor, Anderson Barros, 39, vive desde os 18 anos na ilha. “Não saio daqui, a gente vai para Belém, volta e percebe que não dá para não viver aqui”, revelou. O ex-morador do bairro da Marambaia afirma que Outeiro é um bom lugar para se morar e, aos poucos, vai criando raízes ainda mais profundas com a expansão dos negócios no local. “Só em pegar esse vento todo, sentar aqui e olhar para esse rio, não tem como não ser um bom lugar para estar. Não consigo dizer o que mais gosto, mas é só olhar para esse horizonte todo atrás de você. Às vezes a gente nem quer tomar uma cerveja, mas só em sentar aqui, não tem combate”, brincou.
MELHORIAS
Embora os moradores sejam unânimes em dizer que não deixariam Outeiro para viver em outro lugar, problemas na infraestrutura, transporte público, saúde e incentivo ao turismo também foram citados. “O transporte público precisa melhorar, porque a partir das 21h30 não tem mais condução para a ilha. Aí as pessoas que moram aqui, mas trabalham para Belém e Ananindeua, ficam impossibilitadas de chegarem em suas casas após um dia cansativo, o que culmina em gastos com mototáxi e outros aplicativos de corrida. No final do mês, a falta de transporte público pesa no bolso”, destacou a autônoma Camila Brandão.
Para a professora Adriana, os postos de saúde da Ilha merecem atenção especial. “Apesar das inúmeras vantagens em se viver aqui, não tem como ignorar a questão da saúde. Nos postos faltam médicos, principalmente no bairro de Itaiteua, então, é algo que precisa de um olhar atencioso”, comentou.
Quem vive do turismo na ilha para faturar e sustentar a família, como é o caso de Anderson, a falta de investimento no setor turístico precisa ser resolvido para não fazer aniversário no próximo ano também. Ele revela que depois que a ponte foi entregue, em 26 de fevereiro, a movimentação melhorou. “Passamos maus bocados quando a ponte caiu, porque como as pessoas teriam acesso à ilha? Isso afetou os negócios e a economia. Agora as coisas estão melhorando, graças a Deus. Mas, acredito que o poder público precisa investir em turismo, atrair pessoas para a Ilha de Outeiro, isso é questão de economia, geração de renda”, opinou.
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