Felca anda de carro blindado e com seguranças após denunciar exploração infantil

Após publicar um vídeo-denúncia sobre a adultização e a exploração de crianças nas redes sociais, o influenciador Felipe Bressanim Pereira, mais conhecido como Felca, contou que se tornou alvo de ameaças, críticas e tentativas de difamação. A declaração foi dada no último sábado (16), durante entrevista ao programa Altas Horas, da TV Globo.

Segundo ele, parte das ameaças teria vindo de pessoas diretamente afetadas pelas acusações. “Existem alguns pedófilos que se incomodaram pessoalmente por eu estar tentando quebrar o esquema de pedofilia deles. Eles se sentiram atacados pessoalmente e foram bater de frente. Mas, sinceramente, quem tem que ter medo são eles, não a pessoa que está denunciando”, disse.

Ainda durante o programa, Felca disse que já esperava a reação negativa diante do impacto do vídeo. “Algumas ameaças, algumas críticas, alguns movimentos de difamação, de tentar descredibilizar. Eu sabia o que eu estava fazendo era grande, e tudo era esperado: ameaças, processos, gente insatisfeita”, afirmou.

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O conteúdo publicado por Felca denuncia a forma como perfis de crianças e adolescentes vêm sendo explorados nas redes sociais, muitas vezes de forma sutil, mas com claras conotações de sexualização, o que pode alimentar redes de pedofilia. “Eu fico feliz, porque não é sobre mim, eu como pessoa. É sobre a causa mesmo. Essas crianças, esses perfis de crianças, estão sendo utilizadas para promover trocas de pornografia infantil. Isso é muito sério, muito delicado de ser falado. É um assunto que causa repulsa, mas tem que ser falado”, disse ele sobre a repercussão do vídeo.

Segundo ele, os casos variam desde exposições inofensivas até situações mais graves. “Acontece em pequena e grande escala, de forma menos ou mais problemática, desde uma exposição, criança se portando como adulto, até crianças sendo sexualizadas de fato. É doentio”, explicou.

O influenciador defende que crianças não devem produzir conteúdo digital e que, sempre que possível, devem ser supervisionadas de perto pelos pais ou responsáveis. “Criança não tem que produzir conteúdo para a internet. A exposição não é algo fácil de lidar, vem com críticas, às vezes à aparência, às vezes vem com assédio, e a criança não está preparada para receber essas coisas. Internet é um ambiente para adultos”, disse.

Além disso, ele também revelou que levou cerca de um ano estudando o tema antes de tornar a denúncia pública, justamente por causa da gravidade do conteúdo que encontrou e da dificuldade de lidar com ele.

Influenciador investigado é citado por Felca

O ponto central do vídeo-denúncia é a acusação contra o influenciador Hytalo Santos, que já é investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) desde 2024 por suspeita de exploração de menores. No vídeo, Felca aponta que Hytalo utiliza adolescentes, a quem chama de “filhos” ou “crias”, em uma estratégia para atrair engajamento por meio da sexualização dessas figuras. Um dos casos mencionados é o da influenciadora Kamylinha, de 17 anos, cuja imagem, segundo Felca, é explorada com essa finalidade.

A repercussão das denúncias foi imediata. No dia 08 de agosto, a conta de Hytalo no Instagram, com 17 milhões de seguidores, foi desativada. Além disso, o histórico do influenciador nas redes já vinha sendo marcado por controvérsias. O TikTok, por exemplo, emitiu 144 notificações por violações de políticas da plataforma, culminando no banimento permanente da conta dele em 2023. Posteriormente, uma liminar judicial chegou a reativar o perfil, mas a decisão foi cassada.

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Repercussão no Congresso e expectativa de mudança

Com a força do vídeo e a ampla circulação dele, a denúncia feita por Felca chegou ao Congresso Nacional. Segundo ele, há chances concretas de mudanças nas plataformas digitais. “Se tudo der certo, a gente conseguirá uma mudança no algoritmo para que tudo isso não seja capaz de chegar nos seus filhos”, afirmou.

Apesar das ameaças que tem recebido, o influenciador afirma que segue firme por acreditar na causa que defende. “Eu sabia que esse era um assunto grande, que mexe com estruturas pesadas. Mas essa conversa precisa acontecer. E quem tem que ter medo são os culpados, não quem denuncia”, reforçou.