O suspense “Fuja“, lançado em 2020 e recém chegado à Netflix, é um dos maiores sucessos da plataforma esse ano. O filme protagonizado por Sarah Paulson e Kiera Allen figura entre os dez títulos mais assistidos na Netflix desde que foi lançado há pouco mais de duas semanas.
O filme, que é constantemente comparado à série “The Act”, segue a história de Chloe, uma jovem que cresceu sendo vítima de diversas doenças graves — asma, arritmia, diabetes, hemocromatose e paralisia —, ficando sob os cuidados da mãe e sendo completamente dependente desde criança.
Kiera Allen, a atriz de 22 anos escolhida para viver a jovem protagonista do filme é, assim como sua personagem, cadeirante na vida real. Com sua performance em “Fuja”, ela se tornou apenas a segunda cadeirante a protagonizar um filme de suspense desde a década 40, quando Susan Peters estrelou o thriller “The Sign of The Ram“, em 1948.
Em entrevista recente, Allen disse que como cadeirante, se orgulha de assumir a função porque humaniza alguém com deficiência – o que infelizmente não é muito comum em Hollywood. “Eu sou uma pessoa”, disse Allen. “A deficiência faz parte da minha identidade, mas é apenas uma parte. Eu sou muitas outras coisas. E isso é o que eu vi em Chloe também, cuja identidade como deficiente é central para o filme, mas não é o filme. Eu nunca tinha visto nada como ‘Run’ antes na criação de um personagem que era tantas coisas dessa maneira”, continuou a atriz.
Kiera Allen, protagonista de “Fuja!”.
A intérprete de Chloe, que ficou cadeirante em 2014 por motivos não divulgados, afirmou que o filme teria a ajudado se lançado quando ela ainda era adolescente. “Acredito que se esse filme tivesse sido lançado quando eu era adolescente, quando fiquei incapacitada pela primeira vez, teria feito uma grande diferença para mim”, disse Allen. “Acho que é extremamente importante que as histórias das pessoas sejam contadas. Esse é o objetivo do cinema – contar as histórias das pessoas que vivem neste mundo. Há uma grande quantidade de histórias que foram deixadas de fora por causa dessa falta de representação, e eu sou muito grata por fazer parte desse movimento”, completou a atriz.
Allen cresceu em New York e contou que se interessou por atuar e escrever desde muito jovem, com muita influência de sua mãe, que é escritora. Depois que aprendeu que havia um grande trabalho para que todos aqueles filmes que ela amava quando criança fossem feitos, Allen se apaixonou. Ela, inclusive, estudava redação criativa na Universidade da Columbia quando foi convidada para protagonizar “Fuja”. Durante o período de testes para viver a personagem, a atriz contou que voou durante um mês entre Los Angeles e a Universidade e precisou se distanciar por um semestre dos estudos quando foi oficialmente convidada para estrelar o filme e as gravações começaram.
Sobre futuros papéis, Allen disse que espera contar histórias que destaquem personagens deficientes. “Se você vai contar histórias verdadeiras para este mundo em que vivemos, você tem que contar histórias sobre as pessoas que vivem neste mundo”, declarou a atriz. “Essa é uma das razões pelas quais este filme é tão empolgante – porque histórias sobre pessoas com deficiência não são contadas com frequência e nem sempre são contadas com tanta autenticidade”, explicou.
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