Há muito mais em jogo para o PSC, no clássico de amanhã com a Tuna, do que a recuperação da vice-liderança do Campeonato Paraense. É claro que um dos objetivos da equipe de Márcio Fernandes é evitar que o rival Remo se distancie ainda mais na ponta da tabela, mas a retomada da pegada vitoriosa é a prioridade máxima a essa altura.
Os três tropeços nos últimos jogos – derrota para o Caeté e empate com o Independente pelo Parazão e empate com o Princesa do Solimões, pela Copa Verde – deixaram o Papão em processo de descrédito junto ao seu torcedor, motivando questionamentos quanto à qualidade do time e à consistência do trabalho do técnico Márcio Fernandes.
As fracas atuações expuseram os pontos fracos da equipe, em grande parte agravados pela ausência de titulares importantes, principalmente contra o Caeté. Diante do Independente, porém, os setores de meio-de-campo e ataque estavam completos, sendo que a zaga tinha o retorno de Genilson, ao lado de Bocanegra.
Nem isso impediu que o time patinasse, sofrendo dois gols de pênaltis no primeiro tempo e demonstrando problemas sérios de ordem emocional. Os zagueiros Genilson e Bocanegra foram expulsos e comprometeram seriamente as chances do time em Tucuruí.
Muita coisa relacionada com o aspecto anímico dos atletas costuma ser ocultada nos times de futebol, mas termina por se revelar de maneira explícita durante os jogos, principalmente quando há uma óbvia pressão por vitórias.
Corrigir os desajustes, inclusive emocionais, é papel da comissão técnica, que certamente deve ter anotado os problemas expostos em Tucuruí.
Márcio Fernandes tem, além disso tudo, a missão de montar um time competitivo e à altura do desafio representado pela Tuna, que cumpre uma campanha errática na competição e está fora da zona de classificação. Um adversário assim posicionado representa sempre um risco extra.
Depois da saída do técnico Josué Teixeira, depois do clássico com o Remo, a Lusa entrou em voo cego, terminando por anunciar duas contratações nesta semana –, o atacante Paulo Rangel e o volante Marlon, ambos ex-jogadores do clube.
Para o confronto com o PSC, a equipe vai juntar os cacos e buscar forças naquilo que tem de mais característico: a capacidade de marcação e a boa fase do atacante Welthon (foto à dir.), um dos artilheiros do Parazão, com quatro gols.
O Papão também trouxe de volta um atacante de passagem satisfatória pelo clube. Vinícius Leite (foto à esq.), que estava no Vila Nova, chegou e está pronto para estrear. Talvez seja a peça que faltava na conexão entre meio e ataque, podendo ser lançado pela esquerda ou na aproximação.
Fifa: Infantino é aclamado e ensaia voo para repetir Blatter
Pense num emprego bom. É, seguramente, um dos mais cobiçados do mundo: governar a poderosa Fifa, corporação que é um verdadeiro portento de influência política e geração de renda. Tudo que envolve a entidade máxima do futebol se transforma em dinheiro graúdo. Gianni Infantino, o atual sumo sacerdote, foi reeleito/aclamado ontem para reinar até 2027.
Tanta riqueza envolvendo a Fifa torna seu comando um cargo tão ambicionado, gerando desassossego e escaramuças políticas de todos os níveis, desde que João Havelange desbancou em 1974 o inglês Stanley Rous, que reinava desde 1961.
A quebra da métrica de votos, até então controlada pela Europa, mostrou que a Fifa era um território livre e ao alcance de qualquer político safo e com sólidas conexões mundiais. Foi assim que Joseph Blatter aposentou seu ex-mentor Havelange e passou a dar as cartas, em 1988.
Blatter caiu em desgraça, em 2015, com a barulhenta explosão do escândalo Fifagate, após cutucar os norte-americanos tirando-lhes a Copa de 2022. Sobre isso há um documentário de perfil didático na Netflix, “Esquemas da Fifa”, que desnuda o gigantismo da entidade e o cipoal de interesses a ela vinculados.
Ontem, sem opositores visíveis, Infantino se reelegeu, embora esteja entrando num terceiro mandato, pois assumiu a Fifa inicialmente para um mandato provisório após a renúncia forçada de Sepp Blatter. Por conta disso, ficou até 2017, completando o mandato do ex-mandatário.
Por conta desse arranjo estatutário, o suíço-italiano de sorriso fácil tem tudo para repetir os passos de Blatter e Havelange, eternizando-se no poder. É simples: como há um limite de três mandatos, ele terá o direito de disputar o pleito em 2027 para governar até 2031.
A glorificação de Infantino veio a bordo do 73º Congresso Mundial da Fifa, realizado na distante Ruanda. Após ser declarado vitorioso, para surpresa de ninguém, ele discursou e repetiu o mantra: vai se dedicar ao futebol do planeta e servir às 211 associações que integram a Fifa.
Um detalhe revelador do talento político de Infantino é que ele rodeou o trono com requintes de extrema habilidade. Era secretário geral da Uefa quando a entidade europeia era presidida por Platini e tinha um pé na Fifa, através do Comitê de Reforma.
Quando Platini foi flagrado com um incômodo cheque de 2 milhões de dólares, ofertado por Blatter, o beneficiário direto da queimação do ídolo francês não foi o então presidente da Fifa. Correndo por fora, Infantino herdou o espaço deixado pela derrocada de Blatter e Platini. De uma só tacada, ambos caíram e ele emergiu.
E que ninguém duvide do fôlego e da ambição do homem. Caso tudo ocorra dentro dos conformes, ele ficará 15 anos no topo, apenas três a menos que Blatter. Como este, Infantino sabe manejar o controle dos delegados de todos os continentes. Ninguém ousa fazer oposição. Democracia é algo que a Fifa só tem no texto pomposo de seu estatuto.
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