A sustentabilidade está cada vez mais em alta no mercado da construção civil, transformando o setor e promovendo uma melhora em projetos que buscam por práticas e ações que aproveitem melhor os recursos naturais e preservam o ecossistema.
Negócios aliam sustentabilidade e inovação e mudam o futuro
Dados de 2020 do United States Green Building Council (USGBC), criador do sistema LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental, em português) de classificação de edifícios sustentáveis, afirmam que o Brasil ocupa a 5ª posição no ranking mundial de sustentabilidade, do qual fazem parte 180 países. Atualmente o Brasil possui mais de 1.500 construções sustentáveis, sendo que 641 são certificadas.
A empreendedora autônoma Tereza Jardim, 38 anos, cresceu vendo sua mãe reaproveitando tecidos e objeto, e cuidando de horta caseira para consumo próprio e da família. “Nós temos hábitos sustentáveis há muito tempo e procurei levar esses costumes para a minha vida. Hoje posso dizer que moro numa casa sustentável”, diz.
Na casa onde mora há mais de 20 anos, foi implementando aos poucos as mudanças que foram possíveis, como a adoção de placas solares e sistema de captação de água da chuva para irrigação das plantas e lavagem de chão. Também organizou a separação dos recicláveis a partir da contratação do serviço de coleta seletiva no bairro. “Com a minha participação no Instituto Alachaster, aprendi a fazer compostagem doméstica, reduzindo bastante o lixo orgânico descartado pela nossa casa e ainda produzindo adubo para nossas plantas e até para presentear amigos e parentes!”, diz Tereza.
A decisão pela energia solar veio não só pelo ambiente, mas pela economia nas finanças da casa. Já o uso de água da chuva tem mais relação com a angústia de ver um recurso tão abundante da nossa região sendo desperdiçado.
Tereza mora com a mãe, o marido e a filha de 6 anos. “Minha mãe é aposentada e usa bastante energia elétrica com trabalhos de costura e com eletrônicos. Eu e meu marido trabalhamos na maior parte do tempo em regime remoto, então também temos uso massivo de energia elétrica com os laptops e outros equipamentos”.
A economia, segundo ela, é evidente: saiu de uma conta em torno de R$1.300,00 para uma média de R$ 100,00 mensais. “Considerando nosso consumo alto, é um impacto gigante no orçamento da casa, mesmo sabendo que parte dessa economia atualmente está pagando o financiamento da instalação das placas”.
No caso da compostagem ele reuniu três benefícios: redução de resíduos orgânicos no lixão, geração de nutrientes para nossas plantas e de amigos, e a manutenção da composteira, “que acaba sendo muitas vezes uma atividade terapêutica”, aponta.
O sistema de coleta de água da chuva ainda não alimenta o consumo da casa diretamente, já que necessitaria de uma obra trabalhosa na estrutura hidráulica. “O que fizemos com pesquisas por conta própria, e minha formação em design de produtos ajudou muito, foi instalar reservatórios e distribuir para a área externa da casa, coletando água das calhas em todas as quedas de telhado que temos”, detalha.
RETORNO
Dessa maneira não há a necessidade de investir uma quantia tão alta. “Mas o retorno vale a pena quando percebemos que podemos fazer lavagem do carro, dos pátios e irrigação de todas as nossas plantas usando apenas a chuva, mesmo em períodos do nosso verão, quando chove menos”. Existe ainda a possibilidade de fazer o sistema de coleta e instalar um filtro para usar na lavagem de roupas. “É outra mudança que compensa bastante, inclusive financeiramente quando a casa tem um volume alto de lavagem”.
Em 2016 a empreendedora conheceu o trabalho realizado pelo Instituto Alachaster, que oferecia o serviço de coleta e, em troca, fornecia itens como mudas, adubo, serragem, etc. Após o encerramento do serviço, a família passou a pagar para uma cooperativa de catadores que passa no bairro periodicamente. “Sabemos da importância de reciclar e do trabalho das cooperativas na cidade, especialmente quando sabemos que o sistema público não funciona como deveria. Então a cooperativa passa em datas periódicas, e nós pagamos um valor para que ela leve o material separado aqui.
Segundo ela, a adoção de hábitos sustentáveis na casa é um caminho sem volta. “Tomar consciência sobre o impacto da nossa existência no planeta nos faz querer cada vez mais transformar nossa relação com a natureza, e acabamos passando a priorizar atitudes, produtos e empresas que realmente trabalham nessa mesma lógica de sustentabilidade, seja na escolha de matéria-prima, seja na forma de contratar seus funcionários e estruturar seu funcionamento, ou até mesmo nos aspectos mais cotidianos, como substituir produtos de limpeza complexos por soluções menos agressivas e mais naturais, como o vinagre. Aqui todos fazemos nossa parte para reduzir o impacto ambiental do nosso consumo”.
Energia solar já abastece 69 mil casas no Pará
A geração própria de energia solar é um sistema sustentável cada vez mais presente na casa dos brasileiros e, os paraenses não fogem a essa regra. Esse tipo de geração já está presente em 142 dos 144 municípios paraenses, o que representa 99,6% de abrangência do território do Estado. A energia solar já abastece mais de 69,4 mil consumidores no Pará, de acordo com dados recentes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
O Estado possui atualmente cerca de 54 mil conexões operacionais da fonte fotovoltaica em telhados, fachadas e pequenos terrenos, nas residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos. A potência instalada de energia solar distribuída no Pará coloca o estado na décima segunda posição do ranking nacional da ABSOLAR.
É o caso da gerente comercial Roberta Sirotheau, que implantou a energia solar na sua casa em outubro de 2022, devido ao aumento da conta de energia. “Como moramos em uma cidade muito quente, usamos muito o ar condicionado em casa, o consumo elevou o valor de nossa conta de energia, que já chegou a R$ 650,00. E somos somente 2 pessoas em casa”, comenta.
Hoje a gerente paga somente 90,00, referentes a taxa de iluminação pública e o valor mínimo de 50W para consumo, utilizando tranquilamente ar condicionado, todas as noites e durante a tarde também, além de máquina lava e seca, e outros eletrodomésticos, sem se preocupar com aumento da conta. “Isso proporcionou mais conforto a mim e a minha família. Com certeza! Pensar no meio ambiente também é fundamental, e energia solar não libera nenhum poluidor”, pondera.
Instituto propõe novos ambientes sustentáveis
O Instituto Alachaster nasceu em 2015 e foi formalizado em 2016. “Somos um negócio de Impacto social que aplica os princípios da sustentabilidade, estimulando a transformação social”, diz Soraya Pires Costa, engenheira eletricista, especialista em Fontes Alternativas de Energia e que atua como Gestora de Programas e Projetos do instituto. Ela também atua como Gestora de Programas e Projetos no Grupo Alachaster de Negócios Sociais.
O idealizador do Alachaster, Ted Vale, trabalha há mais de 20 anos com reciclagem e foi empresário do setor em Belém. ”Há cerca de 10 anos ele conheceu o conceito de Negócios Sociais e decidiu investir nesse novo modelo de negócio a partir da sua experiência. Ele conversou com alguns amigos e montaram o grupo original de fundadores do qual eu faço parte”, conta
Soraya veio da iniciativa privada e desde 2006 trabalha com sustentabilidade no ambiente corporativo, expandindo esse conhecimento a partir de 2013 para o contexto de comunidades humanas.
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