Brinquedos podem ser só brinquedos -ou não. Para o estilista e maquiador Richard Pessato, 23, por exemplo, ver uma criança manipulando um deles sem muito cuidado é quase uma heresia. Pelo menos se esse brinquedo for uma boneca Barbie. "Não é brinquedo de criança, tem gente que tem Barbie e não sabe o valor que ela tem", defende, em entrevista ao site F5.
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Desde 2019, ele coleciona exemplares da loira de plástico mais famosa do mundo, além de outros itens inspirados nas animações que ela protagoniza. Hoje dono de 400 Barbies --segundo ele, o maior acervo do Brasil e um dos maiores da América Latina--, ele se diz ansioso pela estreia do live-action estrelado por Margot Robbie e Ryan Gosling sobre a personagem, e mandou até fazer uma roupa especialmente para a ocasião.
Mas nada se compara ao empenho dele para montar seu acervo, no qual estima já ter gasto o valor de um carro de luxo. Ele diz que, por baixo, já desembolsou R$ 80.000 só nas bonecas (um exemplar comum e em bom estado não custa menos de R$ 200). Além delas, também possui outros personagens que fazem parte do universo da Barbie, peças como carruagens, penteadeiras, roupas, acessórios e diversos outros itens.
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Algumas das bonecas são raras e, por isso, custam bem mais caro. Essas que poucas pessoas têm não são vendidas por menos de R$ 2.000. Esse foi o preço que ele pagou, por exemplo, na boneca temática do filme "Barbie: O Quebra-Nozes" (2001).
Pessato afirma que nunca se endividou ou ficou no aperto por causa de uma Barbie, mas confessa que já deixou de comprar algo necessário e de reformar partes da casa em que mora com a família para investir na coleção.
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O jovem conta que a paixão pela boneca começou cedo, com apenas 2 anos de idade, e sobreviveu ao bullying que ele sofria na escola por causa do fascínio pela personagem, muito associada ao universo feminino.
Introspectivo, ele afirma ter encontrado nas histórias da personagem um mundo de magia que o encantou. Aos 11 anos, porém, o pastor da igreja que a família frequentava disse à mãe dele que o gosto do jovem "era coisa do diabo" e, na época, ele foi proibido de assistir aos filmes que tanto amava.
Mas pensa que isso o impediu? Foi no quarto que ele continuou a consumir tudo que se referia ao universo rosa da boneca e criou um canal no YouTube para trocar informações com outros fãs. A coisa foi crescendo até que se tornou difícil esconder dos parentes mais próximos que ele continuava aficionado pela boneca. Hoje, a família leva numa boa e até compra exemplares da boneca para presenteá-lo.
Pessato diz que acompanha as mudanças que a Barbie sofreu desde 1959, quando a fabricante Mattel lançou o primeiro modelo, mas não concorda com tudo. "Para mim, a Barbie personagem é branca e loira", comenta. "É importante mostrarmos outros tons de pele e formatos de corpos, mas isso nunca foi levado para os filmes. A representatividade é baixa lá. O problema é que essa representatividade veio em um momento crítico, como uma jogada de marketing", reclama.
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